Fernando de Carvalho Lopes, ex-técnico da seleção brasileira de ginástica artística masculina, foi protagonista de um dos maiores escândalos de abuso sexual no esporte brasileiro. O treinador de ginástica que assediava atletas foi condenado a mais de 100 anos de prisão por crimes cometidos contra atletas menores de idade, revelando um padrão sistemático de abusos que ocorreram por quase duas décadas, afetando dezenas de jovens ginastas.
- Pagamentos via PIX (Saques e depósitos rápidos)
- Jogos ao vivo (Transmissão grátis de mais de 100 esportes)
- Super Odds (As melhores cotações do mercado)
Aposte com responsabilidade!
Treinador de ginástica que assediava atletas
O escândalo começou a vir à tona em 2016, quando um adolescente de 13 anos, atleta do clube Mesc (Movimento de Expansão Social Católica), em São Bernardo do Campo, São Paulo, denunciou Fernando de Carvalho Lopes por abuso sexual.
Logo após essa primeira denúncia, outro menino de 12 anos também relatou ter sido vítima de assédio pelo mesmo treinador.
Ambos os casos levaram à abertura de um inquérito criminal e ao afastamento imediato de Fernando da delegação brasileira para os Jogos Olímpicos do Rio 2016, um mês antes do início da competição.
Reportagem do “Fantástico”
No entanto, foi apenas em abril de 2018, dois anos depois, que o caso ganhou dimensão nacional, quando o programa “Fantástico”, da Rede Globo, exibiu uma ampla reportagem investigativa conduzida pela jornalista Joanna de Assis.
Durante quatro meses, a equipe do programa entrevistou cerca de 80 pessoas, entre elas, dezenas de atletas e ex-atletas que afirmaram ter sido vítimas de Fernando.
A investigação jornalística revelou que pelo menos 40 ginastas sofreram abusos sexuais cometidos pelo técnico entre 1999 e 2016.
A matéria do Fantástico teria sido inspirada pelo escândalo na ginástica americana, onde o médico Larry Nassar foi condenado por abusar de mais de 260 ginastas, incluindo as campeãs olímpicas, entre elas os maiores nomes da ginástica da atualidade: Simone Biles e Aly Raisman.
Quem é Fernando de Carvalho Lopes?
Fernando de Carvalho Lopes, o treinador de ginástica que assediava atletas, construiu sua carreira no Mesc, um clube particular da cidade de São Bernardo do Campo. Sua reputação o levou a integrar a comissão técnica da seleção brasileira masculina de ginástica por dois anos, período em que treinou atletas como Diego Hypolito e Caio Souza.
Considerado um formador de talentos, Fernando era responsável principalmente pelo trabalho com atletas de base.
Muitos dos ginastas que passaram por suas mãos seguiram carreira no esporte, como Petrix Barbosa, que se tornou medalhista de ouro na competição por equipes dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em 2011.
Entretanto, seu talento como treinador, escondia um monstro que viria à tona muito anos depois.
Os atletas que denunciaram e seus relatos
Petrix Barbosa foi um dos primeiros a falar abertamente sobre os abusos que sofreu. Em seu depoimento ao Fantástico, ele relatou: “Fernando foi meu primeiro técnico, o Mesc foi meu primeiro clube, onde comecei a ginástica. Essa pressão psicológica num moleque de 10, 11 anos… Banho junto, me espiar… Já acordei com ele, não sei quantas vezes, com a mão dentro da minha calça”.
Barbosa treinou com Fernando dos 6 aos 13 anos, quando decidiu sair do clube por não suportar mais os abusos.
Além de Petrix, outros ex-atletas, a maioria preferindo não se identificar, deram depoimentos semelhantes, confirmando que o treinador de ginástica assediava os atletas.
Após a exibição da reportagem em 2018, mais vítimas ganharam coragem para denunciar. No total, 40 atletas e ex-atletas afirmaram ter sofrido abusos sexuais cometidos por Fernando de Carvalho Lopes. Destes, dez levaram o caso à Justiça.
Leia também: TOP 10 | Maiores polêmicas do futebol de todos os tempos
Natureza dos abusos e a posição de poder
Os relatos das vítimas revelam um padrão sistemático de comportamento abusivo por parte do treinador de ginástica que assediava atletas.
Fernando aproveitava sua posição de poder como técnico para tocar os jovens atletas de forma inadequada, usando como pretexto a necessidade de “acompanhar o desenvolvimento físico” dos meninos.
De acordo com os depoimentos, o treinador frequentemente pedia para ver e tocar as partes íntimas dos garotos, alegando que isso o ajudaria a definir o plano de treinamento a ser aplicado.
Os abusos ocorriam em diversos ambientes: no banheiro do clube, durante os treinos físicos e até mesmo fora do ginásio.
Fernando também chamava os atletas individualmente para uma sala reservada no clube, onde ninguém mais podia entrar.
A idade das vítimas, geralmente entre 10 e 13 anos, e a falta de conhecimento sobre os limites apropriados em um relacionamento atleta-treinador, facilitaram os abusos continuados por tantos anos.
Muitos dos meninos não contavam aos pais o que acontecia por vergonha ou medo, como explicou Petrix Barbosa em seu depoimento.
O processo judicial contra o treinador de ginástica que assediava atletas
Após as denúncias iniciais em 2016 e a amplificação do caso em 2018, o Ministério Público de São Paulo abriu uma investigação aprofundada. Em outubro de 2019, Fernando de Carvalho Lopes tornou-se réu em um processo que corria na 2ª Vara de São Bernardo do Campo desde maio de 2016.
O ex-técnico foi denunciado pelo Ministério Público nos artigos 217-A (estupro de vulnerável) e 226 inciso II (agravante pela relação de poder em relação às vítimas)., e a acusação formal baseou-se principalmente em quatro vítimas, sendo duas menores de idade, cujos casos ainda estavam dentro do prazo legal para processo.
Um aspecto importante do processo foi que, devido a mudanças na legislação, muitos dos crimes praticados antes de 2009 não puderam ser processados formalmente.
Assim, embora 40 atletas tenham relatado abusos, apenas os casos mais recentes formaram a base da acusação criminal, com os demais sendo incluídos apenas como testemunhas.
O juiz Édson Nakamatu, responsável pelo caso, aceitou a denúncia do Ministério Público, indeferindo tentativas da defesa de arquivar o processo.
Durante o julgamento, 10 vítimas foram arroladas como testemunhas, além das quatro vítimas formais.
Os primeiros depoimentos foram colhidos em novembro de 2021, quando somente vítimas e testemunhas de acusação foram ouvidas. Já em julho de 2022, foi a vez de Fernando e as testemunhas de defesa serem ouvidas.
Condenação e punições
Após anos de processo judicial, em outubro de 2022, o treinador de ginástica que assediava atletas foi considerado culpado na acusação de abusos sexuais a ginastas.
Em decisão publicada pelo juízo da 2ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo, o ex-técnico foi condenado em primeira instância a 109 anos de reclusão, em regime fechado, pelo crime de estupro de vulnerável contra quatro vítimas. Apesar da condenação, Fernando pode recorrer em liberdade. Na segunda instância, o técnico foi condenado a 28 anos de reclusão.
Segundo o portal GE, o treinador de ginástica que assediava atletas e foi condenado na primeira e segunda instância vive atualmente em Portugal, em uma cidade de 20 mil habitantes e trabalha como garçom em uma pizzaria enquanto recorre em liberdade da decisão de segunda instância.
Condenação na esfera esportiva
Na esfera esportiva, o ex-treinador também recebeu severas punições. Em novembro de 2018, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) o condenou a 1500 dias de suspensão (aproximadamente quatro anos) e multa de R$300 mil.
Posteriormente, em abril de 2019, o Pleno do STJD da CBG decidiu, por unanimidade, pelo banimento definitivo de Fernando de Carvalho Lopes do esporte, com base no Código de Conduta e Estatutos da Federação Internacional de Ginástica. A multa também foi aumentada para R$ 1,6 milhão.
Esta decisão foi considerada histórica, pois o tribunal foi o primeiro a tomar uma medida deste nível – envolvendo assédios e abusos sexuais – na esfera esportiva do Brasil.
Embora Fernando tenha conseguido uma liminar em junho de 2020 junto à 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Sergipe para continuar exercendo a função de treinador, essa decisão foi posteriormente revertida.
Em novembro de 2022, o Tribunal de Justiça de Sergipe julgou como improcedente a liminar, consolidando o banimento definitivo de Fernando do esporte.
Leia também: Os 15 melhores atletas de ginástica rítmica do Brasil da atualidade
O impacto no esporte brasileiro
O caso do treinador de ginástica que assediava atletas provocou uma profunda reflexão sobre a proteção de atletas menores de idade no Brasil, especialmente em esportes como a ginástica, onde o contato físico entre treinadores e atletas é frequente e onde crianças começam a treinar muito jovens.
A repercussão das denúncias gerou discussões sobre a necessidade de maior vigilância e protocolos de segurança nos clubes e federações esportivas brasileiras.
Sem dúvidas, o caso Fernando de Carvalho Lopes representa um dos mais graves escândalos de abuso sexual no esporte brasileiro e serve de alerta para a nossa missão de proteger nossas crianças.
- Pagamentos via PIX (Saques e depósitos rápidos)
- Jogos ao vivo (Transmissão grátis de mais de 100 esportes)
- Super Odds (As melhores cotações do mercado)
Aposte com responsabilidade!