A CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas é um dos temas mais impactantes do futebol brasileiro nos últimos anos, investigando esquemas de fraude em partidas e no mercado de apostas, envolvendo jogadores, dirigentes, empresários e casas de apostas.
A CPI começou em 2024 e teve seu relatório aprovado em 2025, com indiciamentos, propostas de mudanças legislativas e um alerta sobre a integridade do esporte nacional.
O que é a CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas?
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas foi instalada no Senado Federal em abril de 2024 para investigar denúncias de manipulação de resultados em partidas de futebol e fraudes no mercado de apostas esportivas online.
O objetivo da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas era:
- apurar a atuação de organizações criminosas;
- identificar os responsáveis;
- propor medidas para coibir esse tipo de crime, que ameaça a credibilidade do esporte mais popular do país.
A comissão foi presidida pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO) e teve como relator o senador Romário (PL-RJ), ambos ex-jogadores de futebol e figuras de destaque no Congresso.
Leia também: Bruno Henrique e as apostas: o que acontece após o indiciamento? Linha do tempo e próximos passos do caso
Por que a CPI foi criada?
Nos últimos anos, o crescimento das apostas esportivas online coincidiu com uma série de denúncias de manipulação de resultados em jogos de futebol, incluindo investigações da Polícia Federal, como as operações “Penalidade Máxima” e “Jogada Ensaiada”, que revelaram esquemas em que jogadores, árbitros e dirigentes.
Segundo as investigações da PF, os envolvidos eram aliciados para provocar cartões, pênaltis, expulsões ou até mesmo rebaixamentos de times, tudo para beneficiar apostadores e casas de apostas.
Além disso, investigações internacionais, também impulsionaram o início do trabalho por aqui. Entre os casos com maior repercussão internacional está a investigação sobre o jogador Lucas Paquetá, acusado pela Federação Inglesa (FA) de cometer faltas propositais para beneficiar apostadores, também pressionou o Senado a agir.
O escândalo atingiu clubes de todas as divisões, empresários, ex-atletas e até familiares de jogadores, mostrando a dimensão do problema.
Principais nomes envolvidos e indiciados
A CPI identificou e pediu o indiciamento de diversos nomes ligados à manipulação de resultados e fraudes em apostas esportivas. Entre os principais envolvidos estão:
- William Pereira Rogatto: Empresário apontado como um dos maiores manipuladores de resultados do Brasil. Confessou ter rebaixado 42 times e movimentado cerca de R$ 300 milhões em esquemas de apostas. Foi preso em Dubai pela Interpol.
- Thiago Chambó Andrade: Empresário acusado de financiar esquemas, corromper atletas e garantir recursos para pagamentos ilícitos. Não compareceu à CPI quando convocado.
- Bruno Tolentino: Tio do jogador Lucas Paquetá, suspeito de movimentações financeiras incompatíveis com seu patrimônio e de participar de apostas suspeitas envolvendo partidas do sobrinho.
- Bruno Lopez de Moura: Ex-jogador e empresário que confessou participação em esquemas, mas não foi indiciado devido a um acordo com o Ministério Público.
- Lucas Paquetá: Jogador do West Ham (Inglaterra) e da Seleção Brasileira, acusado pela FA de manipular cartões amarelos. Sempre negou as acusações, mas seu caso foi central nas investigações da CPI.
Além desses, o relatório cita dirigentes, árbitros, intermediários e empresas ligadas ao setor de apostas.
Leia também: CPI CBF-Nike: 25 anos após a 1ª CPI do futebol, confederação pode se tornar réu novamente
Como funcionava o esquema de manipulação de jogos e apostas?
As investigações da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas mostraram que o esquema era sofisticado e envolvia diferentes etapas e atores:
- Aliciamento de jogadores: Atletas eram procurados por intermediários e recebiam propostas para provocar cartões amarelos, pênaltis, expulsões ou resultados específicos em troca de dinheiro. O pagamento por cartão amarelo, por exemplo, podia chegar a R$150 mil em jogos da Série B.
- Corrupção de árbitros: Em depoimento à CPI, William Rogatto afirmou que pagava até R$50 mil a árbitros para influenciar resultados.
- Envolvimento de dirigentes: Clubes “alugavam” times para criminosos, permitindo a manipulação de partidas inteiras para garantir lucros nas apostas.
- Apostas em eventos isolados: O foco estava em apostas simples (single bets), como o primeiro cartão amarelo, número de escanteios ou expulsões, pois são mais fáceis de manipular sem alterar o resultado final do jogo.
- Lavagem de dinheiro: Os lucros eram lavados por meio de empresas de fachada, transferências bancárias suspeitas e movimentações financeiras incompatíveis com o patrimônio dos envolvidos.
Leia também: O que é Bet Builder: o formato com odds (e riscos) mais altos! Como fazer sua aposta?
Etapas da CPI: Da investigação ao relatório final
1. Instalação e primeiros depoimentos
A CPI foi instalada em abril de 2024, com a convocação de jogadores, dirigentes, representantes de casas de apostas e autoridades do setor esportivo.
O objetivo era mapear o funcionamento do mercado de apostas e identificar vulnerabilidades no sistema de fiscalização.
2. Revelações bombásticas
Durante os depoimentos, vieram à tona confissões e provas contundentes contra nomes relevantes do mundo do futebol.
3. Operações paralelas
A CPI trabalhou em conjunto com operações da Polícia Federal que desarticulou quadrilhas e prendeu envolvidos em manipulação de partidas.
4. Elaboração e aprovação do relatório final
O relatório final, apresentado pelo senador Romário, foi aprovado em março de 2025.
O documento propõe indiciamentos, mudanças legislativas e recomendações para órgãos públicos, como o Ministério Público, Polícia Federal e ministérios da Justiça, Fazenda e Esporte.
Leia também: Caso VaideBet Corinthians: linha do tempo e próximos passos da investigação
Linha do tempo da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas
Data | Evento |
Abril/2024 | Instalação da CPI no Senado Federal |
Maio/2024 | FA inglesa acusa Lucas Paquetá de manipulação de cartões |
Outubro/2024 | Depoimentos de William Rogatto e Bruno Tolentino |
Novembro/2024 | Prisão de William Rogatto pela Interpol em Dubai |
Fevereiro/2025 | Leitura do relatório final é adiada para incluir novos dados |
Março/2025 | Aprovação do relatório final da CPI com pedidos de indiciamento |
Recomendações e mudanças legislativas propostas pela CPI
O relatório final da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas vai além do simples indiciamento dos envolvidos. Ele propõe uma série de mudanças para combater a manipulação de resultados e tornar o mercado de apostas mais seguro e transparente. A seguir, listamos as principais sugestões apresentadas pelo relatório.
Novos crimes e penas mais severas
- Criação do crime de fraude ao mercado de apostas, com pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa, incluindo atletas que fornecerem informações privilegiadas.
- Aumento das penas para fraudes esportivas, passando de 2-6 anos para 4-10 anos de prisão.
- Criminalização da divulgação de ganhos irreais em apostas, para combater publicidade enganosa.
Restrições a apostas simples (single bets)
- Proibição ou limitação de apostas em eventos isolados, como cartões, escanteios e pênaltis, considerados de alto risco para manipulação.
Mudanças na legislação esportiva
- Suspensão ou banimento de atletas condenados, com possibilidade de encaminhamento ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
- Obrigatoriedade de avisos sobre riscos do jogo patológico em plataformas de apostas, tanto no cadastro quanto em cada acesso do usuário.
Fiscalização e transparência
- Criação de órgão específico para monitoramento em tempo real das apostas, identificando padrões suspeitos e exigindo maior transparência financeira das casas de apostas.
- Ampliação dos poderes da Polícia Federal para investigar casos de manipulação em competições nacionais e internacionais.
- Parcerias internacionais para troca de informações sobre fraudes e lavagem de dinheiro no setor de apostas.
Emenda constitucional
- Obrigatoriedade de comparecimento a CPIs, inclusive para autoridades públicas, com possibilidade de uso de força policial em caso de ausência.
Com tudo isso, sem dúvidas, a CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas marcou um divisor de águas no combate à corrupção no esporte nacional.
O envio do relatório ao Ministério Público, Polícia Federal e órgãos do Executivo deve resultar em novas investigações, processos criminais e, principalmente, em mudanças na legislação e na fiscalização do setor.
Além disso, a pressão por maior transparência e integridade pode levar clubes, federações e casas de apostas a adotar práticas mais rígidas de compliance, monitoramento de apostas e educação de atletas sobre os riscos e punições envolvidos.
- Pagamentos via PIX (Saques e depósitos rápidos)
- Jogos ao vivo (Transmissão grátis de mais de 100 esportes)
- Super Odds (As melhores cotações do mercado)
Aposte com responsabilidade!