A trajetória de José Roberto Guimarães à frente da seleção brasileira feminina de vôlei é marcada por grandes conquistas e decisões difíceis, entre elas, o corte mais doloroso de Zé Roberto na seleção feminina de vôlei: o corte da ponteira Mari Steinbrecher às vésperas dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
Em recente entrevista ao podcast Ataque e Defesa, em fevereiro de 2025, o treinador tricampeão olímpico finalmente abriu o coração sobre esse episódio que, mesmo após mais de uma década, ainda o emociona profundamente. “Foi um dos cortes mais difíceis e mais duros da minha vida”.
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A relação entre Zé Roberto e Mari
Segundo as declarações do técnico da seleção de vôlei feminino do Brasil, seu vínculo com a jogadora Mari transcendia a relação técnico-atleta. “A Mari sempre foi para mim minha filha, conheci ela quando ela tinha 16 anos. Eu era um pai também para ela, participei da vida dela, sempre estive muito próximo”, revelou o treinador.
Essa proximidade tornava qualquer decisão relacionada à carreira da atleta ainda mais complexa e emocionalmente carregada, por isso se tornou para Zé Roberto o corte mais doloroso de sua carreira.
Quem é Mari Steinbrecher?
Mari Steinbrecher nasceu em 23 de agosto de 1983, em São Paulo, descendente de russos e alemães. Sua carreira no vôlei começou aos 14 anos, em Rolândia, no Paraná, após recomendação médica para praticar esportes e corrigir problemas posturais.
O talento natural logo a levou para clubes maiores, e ela se profissionalizou no Osasco, onde atuou por sete anos (2000-2007), conquistando títulos importantes como o Campeonato Paulista e a Superliga.
Na seleção brasileira, Mari foi parte fundamental da equipe que conquistou o primeiro ouro olímpico do vôlei feminino de quadra brasileiro nos Jogos de Pequim 2008, justamente no dia de seu aniversário.
Sua trajetória na seleção, no entanto, já havia enfrentado percalços, como a traumática derrota para a Rússia nos Jogos de Atenas 2004, quando o Brasil terminou em quarto lugar.
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Zé Roberto e o corte mais doloroso de sua carreira
O ciclo olímpico após Pequim foi especialmente desafiador para Mari. A jogadora enfrentou uma série de problemas físicos que afetaram seu desempenho.
Inclusive, uma tendinite no ombro direito a impediu de disputar o Sul-americano, competição que garantiu ao Brasil a vaga para Londres 2012.
Além disso, a atleta havia passado por problemas no joelho que comprometeram seu rendimento.
No Grand Prix de 2012, última competição antes dos Jogos Olímpicos, Zé Roberto decidiu experimentar Mari em uma nova posição. Embora ela tenha atuado por anos como ponteira passadora, o treinador a colocou como oposto, posição em que ela atuava no início da carreira. Todavia, os resultados se mantiveram abaixo do esperado e desejado.
Logo, segundo o próprio técnico, a decisão do corte mais doloroso de Zé Roberto foi tomada considerando diversos fatores. “Não estava fluindo, estava com dor no joelho. E a gente precisava de muita energia para as Olimpíadas”, explicou em entrevista posterior ao torneio.
O técnico também mencionou que deu “vários toques” a Mari durante o ciclo olímpico para que ela voltasse a render como esperado, mas “as coisas não andaram bem”.
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O momento do corte
O corte aconteceu em circunstâncias complicadas, quando a equipe retornava da China após o Grand Prix e precisava entregar a lista oficial de atletas para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) em poucos dias.
Zé Roberto explicou em entrevistas que o corte foi realizado no próprio aeroporto, em uma sala da Polícia Federal, por não haver tempo hábil para levar as atletas para o centro de treinamento em Saquarema e depois comunicar a decisão.
“Bom, aí chega no aeroporto, encarecidamente peço pro pessoal da Polícia Federal, não tem uma sala? O cara fala: ‘Não tem, vocês vão ter que fazer’. Eu falei: ‘Gente, mas vai ter gente chorando, vai ser terrível. Então, tivemos que cortar onde o pessoal examina o passaporte, ali do lado. E aí fui criticado, enfim, mas não tinha outra coisa a fazer”, relatou o treinador em uma de suas entrevistas.
A reação de Mari
Mari não aceitou passivamente o corte e, poucos dias depois, a jogadora convocou uma entrevista coletiva em seu apartamento no Rio de Janeiro para se manifestar. “Respeito a decisão dele, mas acho que ainda poderia ajudar, na ponta ou na saída. Ainda tinha lenha para queimar e não posso concordar com esse corte. Seria loucura”, declarou Mari na ocasião.
A atleta questionou os critérios de Zé Roberto, uma vez que outras jogadoras com problemas físicos foram mantidas no grupo, como Natália Pereira, que não atuava desde dezembro anterior devido a uma lesão. “Ele antecipou a minha dispensa porque sabia que ia ser polêmica. Depois do corte da Fabíola, esperava qualquer coisa”, completou Mari, referindo-se à dispensa da levantadora do Sollys/Osasco, titular da Seleção nos últimos anos.
A polêmica ganhou ainda mais força quando, em novembro de 2012, Mari concedeu uma entrevista à revista “Isto É 2016”, onde expressou toda sua mágoa.
A atleta afirmou não fazer mais a menor questão de manter um relacionamento com o técnico e deixou claro que não voltaria à seleção enquanto Zé Roberto estivesse lá.
Mari chegou até mesmo a cogitar a possibilidade de defender a seleção da Alemanha, assim que possível.
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O clima da seleção após o corte de Mari
O corte mais doloroso de Zé Roberto também teve um impacto emocional significativo no grupo.
Além de Mari, outras jogadoras importantes também foram cortadas naquele ciclo olímpico, como Fabíola, Juciely e Camila Brait.
Cada corte representava um desafio emocional para o grupo, que precisou seguir em frente apesar das ausências de companheiras queridas.
O Bicampeonato Olímpico veio!
Apesar de toda a turbulência causada especialmente pelo corte mais doloroso de Zé Roberto, a seleção brasileira feminina de vôlei conseguiu superar as adversidades e conquistar o bicampeonato olímpico em Londres 2012.
Na final, o Brasil derrotou os Estados Unidos por 3 sets a 1, repetindo a final dos Jogos de Pequim.
O time liderado por Jaqueline, Sheilla, Thaísa e Fabiana confirmou a hegemonia do Brasil no vôlei feminino mundial. Entre as jogadoras que formaram o grupo campeão em Londres estavam:
- Fabiana Claudino
- Danielle Lins
- Paula Pequeno
- Adenízia da Silva
- Thaísa Menezes
- Jaqueline Carvalho
- Fernanda Ferreira
- Tandara Caixeta
- Natália Pereira
- Sheilla Castro
- Fabiana de Oliveira
- Fernanda Garay.
Algumas dessas atletas foram inclusive premiadas individualmente pela FIVB como melhores jogadoras em seus fundamentos no torneio olímpico, com:
- Fabiana Claudino sendo considerada a melhor bloqueadora;
- Sheilla Castro a melhor sacadora;
- Fernanda Garay a melhor receptora.
Anos após o polêmico corte, Zé Roberto, um dos melhores técnico de vôlei feminino da história, manteve sua posição de que a decisão, embora dolorosa, foi necessária. No entanto, nunca escondeu o quanto essa escolha o afetou pessoalmente. “Eu sinto até hoje de ter feito aquele corte, mas tinha que ter acontecido”, confessou.
Outros cortes dolorosos na carreira de Zé Roberto
Embora o caso de Mari seja considerado o mais doloroso, Zé Roberto menciona outros cortes difíceis que teve que fazer ao longo de sua carreira. “Cortar a Camila foi difícil, cortar a Carol Gattaz foi difícil, Juciely, Fabíola, Monique, Michelle, todas foi muito difícil”, enumera o treinador.
O que torna esses momentos tão complicados, segundo ele, é ver o sonho de uma atleta sendo interrompido: “A gente sempre fica pensando que são atletas e estão fazendo força, suando. É o sonho da vida delas. Eu também fui cortado, fui uma vez para os Jogos Olímpicos e não fui depois, a vida é assim”.
Mesmo para um treinador experiente e vitorioso como Zé Roberto, tomar decisões que afetam não apenas carreiras, mas relacionamentos pessoais construídos ao longo de anos, é algo extremamente doloroso.
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